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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Após pressão, Dr. Alckmin recua do fechamento de serviço de saúde mental

Estava anunciado o fechamento do CRIA (Centro de Referencia a Infância e Adolescência), mas após pressão, Dr. Alckmin, através de sua Secretaria de Saúde, recua do fechamento de serviço de saúde mental que atende pacientes de alta complexidade.

A explicação do Governo Estadual de improdutividade e de falta de metas no número de atendimentos era a razão alegada ao fechamento, inclusive com data para acontecer. Funcionários foram obrigados a assinar a demissão, crianças como pacientes sofrendo as consequências do stress e familiares estavam desnorteados preocupadíssimas com o encerramento do tratamento de seus filhos e sem informação sobre a sequência.

O CRIA é privatizado pela SPDM. O Fórum Popular de Saúde de São Paulo é contra qualquer forma de privatização, defende o SUS como o único sistema de saúde pública e estatal. O sintoma político que prioriza metas, lucros, que trata pacientes como números, que não tem compromisso com a continuidade dos tratamentos que inicia. São esses os sintomas que geraram este problema do CRIA e apontam a importância de um sistema público pensado e fundamentado fora das leis do mercado e da margem de lucro, até porque paciente complexo dá prejuízo! Assim é impossível ficar em silêncio diante deste absurdo de demitir trabalhadores com argumentos arbitrários, e ainda fechar um serviço clínico ligado a pesquisa, tão essencial para análises consistentes de políticas públicas e no avanço da assistência dada à população de São Paulo, tão carente de vagas na saúde mental.

Foi com este contexto que o Fórum Popular de Saúde entrou nesta luta! A primeira ação foi que um fato absurdo como este não poderia estar escondido da população. Fizemos a denuncia na imprensa através do site SpressoSP (http://www.spressosp.com.br/2012/12/os-fechara-unidade-de-saude-psiquiatrica-em-sao-paulo/) e depois protocolamos denúncia no Ministério Público Estadual. E junto com uma comissão de trabalhadores e familiares articulamos com o Deputado Marcos Martins que o fechamento do CRIA fosse pautado em caráter extraordinário na Comissão de Saúde, da qual ele é presidente, devido ao grande dano que a população sofreria.

Quase incrédulos, a maioria dos deputados presentes receberam a informação e decidiram convocar a Secretaria Estadual de Saúde, o assessor de saúde mental, o Ministério Publico, o Conselho Tutelar da Criança. Frases desconsoladas foram feitas de puro susto, diante da gravidade - "Ninguém quer atender adolescentes, esses profissionais querem! E nós vamos tira-los?". “Eu, Dep. Thelma de Souza lutei muito pelas condições e direitos das pessoas que sofrem com problemas de saúde mental, jamais vou calar diante de um sofrimento como o que essa mãe nos trouxe! Conte com minha força, meu mandato, seu problema me comoveu muito!”.

Estas ações repercutiram. A matéria do site teve muitos acessos! A denuncia na Comissão de Saúde ganhou a capa do Diário Oficial. Com tudo isso, o governo recuou e o CRIA não mais será fechado no fatídico dia 10 de dezembro, uma incoerência de uma ironia atroz, já que é o Dia Internacional dos Direitos Humanos (Ato 10D - Os dez direitos que não existem em São Paulo)http://www.facebook.com/events/376218249130121/, no MASP). E os trabalhadores serão mantidos nas suas funções!

Estamos de olho! No cumprimento dessa decisão e também acompanhando, para que jamais aconteça perseguição às pessoas que procuraram o Fórum Popular de Saúde. Afinal que profissional de saúde queremos para nós, os cidadãos? Os que se acovardam diante da injustiça ou os que lutam pelos seus pacientes? Basta de demissões, pois em uma Organização Social toda demissão é política!

O Fórum foi convidado, depois de seis meses de luta desses trabalhadores para ajudar, e chegou diante da gravidade de uma destruição social e com um prazo muito curto - dez dias - mas conseguiu mostrar a importância aos trabalhadores dos caminhos de uma sociedade que se organiza em defesa da preservação de direitos - tanto dos pacientes como deles, os trabalhadores. E conseguimos a vitória!

É lamentável a postura da privatizadora SPDM, que, nas negociatas com o poder público, não foi capaz de defender o serviço da qual é gestora e também seus trabalhadores. Precisou o Fórum Popular de Saúde fazer isto! E temos muito orgulho de fortalecer o poder popular e a clareza que este absurdo é mais um argumento para o fim das Organizações Sociais. Mas chegará o momento que este serviço e estes trabalhadores, tão importantes, serão vinculados diretamente com a gestão pública, enriquecendo o SUS - Sistema Único de Saúde.

Aida Schwab, psicanalista, participante do Fórum nas questões de saúde mental, orgulha-se de participar desta luta e unificar profissionais, instituições da área da saúde, mães, familiares e amigos dos pacientes no sentido de fortalecer a disposição das pessoas de lutarem pelo que elas acreditam e defenderem um serviço tão importante.

Lívia Rodrigues – integrante do Fórum Popular de Saúde, estudante de medicina, contribuiu nessa luta protocolando a denúncia no Ministério Público Estadual.

Paulo Spina – participante do Fórum Popular de Saúde, trabalhador da Saúde Mental no CAISM Água Funda. Contribuiu para impedir a atual política pública de fechamentos e privatizações da Saúde, e luta na defesa da saúde 100% pública, estatal e de qualidade.


*Retirado do FopsSP

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